segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ah ! O amor !

Não sei se é coincidência ou se por algum ato falho meu (...), nestes dias entre Natal e Ano Novo só vejo nuances de amor nos filmes que assisto. Será o Espírito de Natal ou reminiscências da meia idade ?
Acho estranho porque neste século de progressos científicos, religião e amor ficam meio fora-de- moda.
Serão invenções humanas para suportar a sobrevivência forçada nesta dimensão ou os humanos têm mesmo uma fagulha divina na sua essência?
Será que esta individualização do Deus em nós, nos leva, sem querer, a uma Consciência Crística que nos faz procurar outra alma gêmea e também um dogma religioso para nos comunicarmos com Ele ?
Porque amor e religião são, sem dúvida, sentimentos gêmeos que elevam a humanidade.
No filme Crepúsculo, havia, como já comentei , o amor sem posse do Vampiro pela adolescente. Amor que respeita o fato dela ser humana e não a força a virar um (a?) vampiro (a ?) também. O que seria ótimo para ele. Afinal viveriam felizes ou pelo menos iguais, pela eternidade. E não é isso o que todos os amantes querem?
Aí fui ver o engraçadíssimo Vick, Cristina e Barcelona do Woody Allen.
Filme engraçado, boa diversão, e absolutamente moderno no que diz respeito ao não-amor.
A crítica diz que o Wood Allen quis descrever o amor.
Que amor? Três mulheres envolvidas com um sedutor não tão interessante assim e algumas cenas de beijo lésbico para se fazer de filme moderno e sem preconceito. Moderno porque é tudo sexo sem sentimento!
Wood Allen sempre apresenta esta visão obsessiva por sexo.
A Vick e a Cristina são duas mulheres à procura de emoções, o que já é uma tolice. Emoção não se procura. Ela acontece e pronto!
O jovem sedutor é escravo, esse sim, da grande emoção que é a ex-mulher, num papel corretíssimo de Penélope Cruz. Dá para comprar pipoca e rir das situações extremas dos envolvidos. Mas amor como sentimento não aparece mesmo!
Aí, neste 25 de dezembro me mandei para Marley e eu , o filme do livro homônimo que li, gostei um pouco ( pode-se gostar um pouco ?) e esqueci!
Aparentemente um filme mais diversão. Marley é um labrador com uma incorrigível mania de viver livremente!
Mas no fundo é um filme profundo sobre o amor sem posse, o amor ético, o amor que respeita a identidade do outro e não tenta mudá-la. O amor do John Grogan, o dono de Marley ( o pior cachorro do mundo!) é esse amor que respeita o bicho.
Assim como se deve respeitar o fundamental da criança. Do velho, do diferente.

Porque bicho é bicho.
Tipo: uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Entendem?

Não pode ser humanizado. É violentá-lo, não entender que é bicho!

Desse amor eu me vanglorio de entender. Sempre tive animais. E todos tiveram sua personalidade respeitada. Minha atual cadelinha Dolly é mal vista pelos meus vizinhos porque adora latir para todo mundo. Aliás, late para a Lua Cheia... Mas afinal cachorro não late?
Se falasse ia "pro" Fantástico e eu estaria rica. Falam que ela é mal-criada.
Não é. Ela é bicho !
Minhas filhas acham que eu a mimo porque se piso no rabo dela ( sem querer) e ela imediatamente me morde o calcanhar , eu deveria bater nela (???) Ora, ela não sabe que não vi o rabo dela no caminho . Pensa que a estou agredindo e eu também acho super lógico revidar um pisão. Tomara pudesse morder quem pisa nos meus calos literais ou não...
É como aquela frase horrível de dizer para a criança não chorar quando toma injeção. Já viram violência maior ? Enfiam uma agulha na pele do pequeno e não querem que reclame ?
Impedir uma criança de chorar é violentá-la.
Bater num animal que revida uma agressão é criar um covarde recalcado.
O pior elemento entre gente e bichos ! Um perigo para a humanidade !

É bicho? Então: bateu /levou ! O resto é código social de humanos.
Adoro a Dolly, mas não a faço usar calcinha quando está no cio e nem sapatinhos quando vai passear ( um horror moderno!) e não me meto na comida dela quando ela está por perto.
Ela não dorme na minha cama porque não é higiênico gente dormir com bicho.
Cada um na sua cama, please! E entendo perfeitamente o pavor que tem de trovão.
É memória genética. Os lobos temiam os trovões. Igualzinho à memória feminina de se vingar dos homens de vez em quando. Aparentemente não há razão, mas nossas ancestrais já nos deixaram a lembrança de maus-tratos e medos.Fica lá, na memória e passa de geração em geração.

Então o Marley e eu é um bom filme porque novamente nos ensina como deve ser o amor .
O que a religião tem a ver com isto?
Ora queridos, a verdadeira re-ligação do homem com Deus está aí: no respeito às diferenças, respeito aos medos, às raivas, aos sentimentos e principalmente à natureza de cada ser vivo deste Doce Planeta Terra. Ou melhor: respeito ao Grande e Silencioso Universo. Afinal não vamos deixar de respeitar os marcianos, tenham eles a aparência e os modos que tiverem !

2 comentários:

  1. Olá Meyre. Td bem? Sempre apreciei seu pensamento a respeito de uma série de coisas e mais uma vez me surpreende e me faz admirar ainda mais sua mente brilhante. Abraço de quem concorda com todas as linhas desta reflexão!

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  2. Olá Meyre, Estava esperando seu comentário sobre o filme Marley e eu. Eu recebi o livro de uma colega de trabalho um dia depois de comprar um labrador. Confesso que tive vontade de devolve-lo, mas estava no contrato de venda "não aceitamos devolução", assim, hoje vivo boa parte do que li e sei que outras virão. Na verdade acho que estou esperando o dia em que o meu labrador Chocolate vai puxar a mesa enquanto fazemos um brinde. É isso, no mais quero dar os parabéns pelas críticas aos filmes da telona e às reflexões sempre bem colocadas. Mtos bjos. DRI

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