De Jovem, Angelina Jolie se
cortava com navalhas e chafurdava em drogas. Adulta, paga picaretas para
anestesiá-la e cortá-la com bisturis. Estrela, em uma década se transmutou de
anabólica Mulher Maravilha em Mater Dolorosa. Se arrasta esquálida por tapetes
vermelhos e aeroportos, carregando a pobre humanidade, versão multicor de
chupeta, embaixatriz da ONU, metade do casal mais famoso do mundo.
Decidiu realizar uma dupla
mastectomia preventiva. Explicou os porquês em um artigo para o New York Times.
Não existem porquês. Tirar as duas mamas saudáveis é loucura varrida. O texto
rescende a sensatez. É macabro. Ela diz que revelou o segredo para inspirar
outras mulheres. É irresponsável. O New York Times se rebaixa a pasquim,
publicando o texto. Que, como tudo em Hollywood, parece produto de
especialistas em relações públicas. E é. Mesmo que o press release seja mesmo
de autoria de Jolie.
Angelina conta que carrega
mutações no gen BRCA1, que a predispõe ao câncer de mama e ovário. Explica que
médicos deram 87% de chance de ter câncer de mama, e 50% de câncer no ovário,
em algum momento de sua vida. Um câncer de ovário matou sua mãe, que tinha a
mesma tendência genética, aos 56 anos. Para diminuir radicalmente seu risco de
ter câncer,
Angelina tirou os dois peitos completamente e botou implantes no
local.
Entre ricos e famosos
cirurgia é o arroz com feijão de cada dia. A própria Angelina já fez várias,
mudou de rosto etc. Nasceu com muito a seu favor, mas ninguém nasce perfeito.
Tinha narizinho achatado, cara redondinha, uma perfeita polinésia. A busca da
perfeição leva à loucura. Que é a única explicação razoável para a decisão da
atriz. Seu médico topou fazer?
Tem médico que topa qualquer coisa. Médicos de
Hollywood transformaram Michael Jackson naquele monstro...
Angelina tem 37 anos e saúde
perfeita. Tem 100% de chance de morrer de alguma coisa algum dia. Todos nós
carregamos este e aquele gen que nos predispõem a isso e aquilo. Hoje muitos de
nós têm acesso a exames que podem detectar essas doenças em seu início, e
podemos tratá-las a tempo. Seria desejável que toda a humanidade tivesse acesso
a medicina preventiva gratuita. Jolie, milionária, pode pagar os melhores
exames e médicos do mundo. Qual a medida racional, em casos como o seu? A
maioria dos especialistas recomenda mamografia e ressonância magnética anuais,
simples assim. Se o câncer der sinal, dá pra matar no ninho. Jolie decidiu pelo
que havia de mais agressivo e invasivo e explosivo.
Câncer de mama é o câncer
mais comum entre mulheres. Como evitar? Não há garantias, mas os maiores
especialistas em câncer repetem sempre as mesmas recomendações: dieta
balanceada, alguma atividade física, pouco álcool, peso adequado à altura e
idade, autoexame, mamografia anual. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, dos
EUA, 98% dos cânceres de mama não têm nenhuma relação com mutação do gen
BRCA-1. O exame para detectar o problema custa, lá, três mil dólares. Entre
cinco e dez por cento dos casos são hereditários, conforme o grupo étnico (é
mais comum entre mulheres nórdicas do que asiáticas, por exemplo). O resto é
consequência da vida que a mulher leva. Uma mulher qualquer - você - tem em
média 12% de chance de ter câncer de mama em algum momento da sua vida.
Repetem que Jolie tomou sua
decisão baseada nos melhores dados científicos. Em seu artigo ela diz:
"reconheço que existem muitos médicos holísticos maravilhosos trabalhando
em alternativas à cirurgia." Faz parecer que a terapia normal é a
mastectomia dupla preventiva, quando é uma aberração, e que as alternativas é que
são o resto. E não existe medicina holística. É bruxaria, charlatanismo, e se
Jolie reconhece sua eficácia, não tem a menor noção do que é ciência.
Garantem que temos que
respeitar e aplaudir sua coragem, leio. Não e não. O que ela fez e escreveu
pode e deve ser discutido e contestado. É figura pública, a mulher mais pública
do mundo, e usou sua celebridade para influenciar a opinião das mulheres mundo
afora. Quantas mulheres com a mesma mutação de Jolie não se sentirão tentadas,
ou pressionadas, a seguir o seu exemplo?
Angelina Jolie não tem que
ser beatificada. Como toda santa, não existe. É uma construção de relações
públicas, é uma atriz. Interpretava o papel da supermulher, Lara Croft, gata
valente. Hoje posa como exemplo de mulher perfeita - excelente profissional,
mãe dedicada, elegância personificada, desprendimento absoluto, casamento
perfeito com o homem perfeito, Brad Pitt. Ah, e agora corajosa combatente do
câncer.
O tratamento não era
necessário, porque Angelina não estava doente. Sua decisão foi baseada em coisa
nenhuma. Sua divulgação da maluquice é péssima influência sobre as mulheres do
mundo, com câncer de mama ou não. A recepção da imprensa foi escandalosamente
leniente e irresponsável.
Angelina é cretina.
Mais idiotas são os que a tomam
por heroína.
De André Forastiere via R7 - 16 de maio
http://www.cebes.org.br/default.asp
concordo com o autor....bjus
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