domingo, 2 de setembro de 2012

Recado dos Irmãos da Natureza
:: Wagner Borges ::
Eis aqui um recado dos espíritos da natureza para aquelas pessoas tristes por causa de um fracasso amoroso:

1. ESPÍRITO DO FOGO:
"Por que os ecos do passado ainda te atormentam?
Não percebeste a passagem do irmão Tempo em tua vida?
Acende o fogo do discernimento em tua alma e queima os detritos de tuas antigas paixões. Elas são apenas sombras de experiências anteriores".

2. ESPÍRITO DA ÁGUA:
"Queres lavar a dor de tua alma?
Não compreendo teu sofrimento.
O que passou, passou, não volta mais.
Usa a água da maturidade e lava as feridas emocionais".

3. ESPÍRITO DA TERRA:
"Tua tristeza me aborrece!
Gosto de coisas firmes, bem estabelecidas.
Porém, tu pareces mais um creme de emoções mal-resolvidas.
Onde está tua consistência?
E tudo isso só por causa de um fracasso amoroso?
Ora, meu amigo(a), o passado já era!
Remoer o que já foi é perda de tempo.
Assume o comando do teu coração e toca a vida".

4. ESPÍRITO DO VENTO:
"Por minha ação natural, sou só movimento.
Quando chego, nada fica parado.
Acho estranho tu quereres ficar parado lá atrás, quando a Natureza quer levar-te à frente, sempre deslizando pela caminhada evolutiva.
Se não quiseres seguir, posso providenciar um furacão em tua vida e forçar-te mudança providencial".

5. ESPÍRITO DA ENERGIA:
"Espanta-me ver um ser humano, supostamente inteligente, preso ao passado.
Nem álcool, droga, cigarro ou terapia resolverá teu caso.
Por isso, convoquei o irmão Tempo.
Daqui a pouco ele virá ter contigo.
Ele solucionará teu problema, pois o que a Natureza não faz, o tempo acerta!"

(Texto extraído do livro "Falando de Espiritualidade" - Editora Pensamento.)

sexta-feira, 4 de maio de 2012


Importância do café com amigas
Palestra de Chefe de Psiquiatria da Universidade Stanford

A Relação entre o Corpo e a Alma, Stress e Desconforto Físico

No final de uma palestra o palestrante apontou, entre outras coisas, que os estudos mostram que uma das melhores coisas que um homem pode fazer por sua saúde é se casar com uma mulher. O casamento aumenta a longevidade e o bem-estar pessoal do homem.
E sobre a mulher? O palestrante apontou dado surpreendente - a mulher, por sua saúde, precisa cultivar seus relacionamentos com suas amigas!
No início, essa declaração provocou risos na platéia, mas o professor falou muito a sério. Estudos realizados mostram que as mulheres se conectam de maneira diferente dos homens e fornecem outros sistemas de apoio que as ajudam a lidar com experiências estressantes e difíceis em suas vidas. "Tempo de Amigas" é muito significativo no nível fisiológico, ajuda a produzir mais serotonina (um neurotransmissor) que auxilia no combate à depressão e cria um sentimento geral de bem-estar e um sentimento positivo.
As mulheres tendem a compartilhar seus sentimentos, enquanto os homens geralmente se conectam em torno de tarefas. Eles raramente se sentam com um amigo falando sobre como se sentem sobre algo, ou como está sua vida pessoal. Trabalho? Sim! Esportes? Sim!, Carros? Sim! Mas os seus sentimentos? Apenas raramente.
As mulheres fazem isso o tempo todo. Eles compartilham sentimentos e emoções das profundezas de suas almas com suas amigas, e parece que isso realmente contribui para a sua própria saúde.
Conferencista acrescentou, sublinhando que o tempo gasto com amigas é tão importante para a saúde das mulheres como correr ou trabalhar no ginásio. De fato, há uma tendência a se pensar que é quando nos envolvemos com alguma atividade física que estamos fazendo algo de bom para o nosso corpo, enquanto que quando falamos com as nossas amigas, nós "desperdiçamos" o tempo em vez de fazer algo mais produtivo. Então, provavelmente, isso não é verdade.
Na verdade, o orador salientou que não criar e manter relacionamentos de qualidade com outras pessoas prejudica a nossa saúde física, "pelo menos, como o fumo! "
Portanto, cada vez que nós (as mulheres, é claro) sentamos para conversar com uma amiga, é importante congratular-nos de que estamos fazendo algo benéfico para a nossa saúde. Na verdade, nós somos sortudas! Nossa amizade é muito essencial para nossa saúde!
Tim-Tim ao café com as minhas amigas!

 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Consciência Universal

Consciência Universal. A única liberdade

Gostaria que fosse tarefa simples transmitir aquilo que me é intuído, mas não é bem assim. A limitação maior sou eu, um aprendiz, ainda iniciando a caminhada sem fim rumo à expansão da Consciência, tateando em busca da Luz, lutando para deixar para trás, dia após dia, conceitos e crenças obsoletos e inúteis, mas que, por terem ficado por tanto tempo impregnados em minha Alma, teimam em aflorar quando -descuidado-, abro a guarda. Pois é, em poucos segundos, em situações de estresse ou perigo, somos capazes de perder a harmonia e a paz interior que nos governavam. Desta forma, a conexão suave e serena com A Fonte é interrompida, a linha apresenta ruídos tão fortes que somente podemos contar com nosso pequeno eu, e este fato nos recoloca em vibrações grosseiras e nos deixa como que órfãos, separados da nossa própria divindade. Encontrei este trecho nas Cartas que vem ao caso e que, com sabedoria, também fornece uma solução bem simples e prática:

"O que você está fazendo para a sua família, o seu lar e o seu ambiente? Você é ranzinza, resmungão, tem pensamentos destrutivos em relação ao seu trabalho e aos demais? Então, esteja certo de que está deixando um pequeno rastro de consciência destrutiva atrás de si, que ajudará a corroer tudo o que ela penetrar e impregnar.
Se você se concentrar no desejo de amar, de aceitar, de trabalhar com alegria no coração, então, não importa onde estiver, estará derramando uma consciência de força, bênção e crescimento".

Duas polaridades distintas para a livre-escolha do mesmo ser humano. Um simples ato da vontade nos colocará no Céu... ou no inferno. Sim, um conceito extraordinário: somos os únicos donos de nosso destino, os únicos responsáveis por tudo que nos acontece; seja bom ou não. Isso nos dá poder infinito e nos coloca no mesmo nível de todos... qualquer que seja nossa atividade, não é menos importante daquela exercida pelo presidente da República, ou pela mais alta autoridade do Estado. Esta realidade nos permite trilhar de forma direta, sem controle externo, nossa missão de vida individual, contribuindo com o Universo de forma correta em seu projeto evolutivo. Não mais será obrigatório seguir falsos líderes se ouvirmos -livres de ruídos-, nossa consciência, nosso centro e contarmos com aquela fé inabalável que vem quando estamos livres de amarras, isentos de crenças e de dogmas.
Perfeitas estas palavras do Cristo:

"Disse às pessoas que olhassem à sua volta, para o campo, para os morros onde pastavam pacificamente as ovelhas e cabras, para os lagos cheios de peixes, para as aves voando no ar, pousando e fazendo seus ninhos nas árvores, e para as flores tão esplendidamente vestidas de muitas cores. Disse: "Olhem e compreendam o que veem. Estão vendo um mundo onde cada coisa tem sua necessidade e todas as necessidades são satisfeitas. Como podem duvidar ao ver as ovelhas vivendo apenas do pasto? O quê tem o pasto que alimenta a pele, os ossos, o sangue e a carne e produz as crias? Não estão testemunhando uma maravilha de suprimento? Olhem as necessidades dos pássaros, que são maravilhosamente providos do que precisam. Eles têm refúgio nas árvores e sementes para se fortalecer. Quanto às pessoas, que têm necessidade de abrigo, alimento e vestimenta, o "Pai" deu a elas o mundo inteiro com o qual podem satisfazer suas necessidades. (...) É a sua falta de fé que rouba a energia do fluxo n atural do "Pai - Amor" em seus corpos, seus relacionamentos e em sua vida.

Como é grande o conforto, o alívio que sentimos quando o que lemos nas Cartas bate profundamente com aquilo que está gravado em nossa Alma! É um respirar fundo, exalando aquela energia renovada que nos projeta, a cada parágrafo, para cima e para a frente, passando-nos firmeza e esperança, que por sua vez constroem, com bases sólidas, coragem e determinação renovadas. Como é difícil derrubar conceitos -ainda que falsos, mesquinhos e absurdos-, que absorvemos desde a infância, quando nada podíamos fazer para nos proteger deles! Creio que o "Orai e vigiai", tão alardeado, tenha a ver com este aspecto de abuso que sofremos e que inconscientemente ainda nos machuca... "Orai" poderia ser considerado como se inspirar na Fonte, fazer a conexão; "Vigiai" teria a ver com observar tudo com a Consciência desperta, atenta, não mais escrava. Ligados na Luz, sempre. E este trecho da carta 4 vem a calhar direitinho com o assunto, confira as palavras do Mestre:

"Gostaria de poder mostrar a vocês como são importantes a cada segundo do dia, em seu lar, em seu trabalho e em seu país! Anseio por ajudar vocês a ver como seus pensamentos estão na origem de tudo o que acontece de bem e mal. Eles são a própria origem de seu bem e de seu mal. Se algum mal ocorrer a vocês, não olhem para o vizinho para ver de onde veio -olhem dentro de seu próprio coração e vejam quando foi a última vez que se desentenderam com alguém de maneira destrutiva-, por calúnia, falsificação da verdade, rejeição ou crítica. Esse foi o momento do nascimento de sua infelicidade no presente!"

E, finalmente, a Unidade, o Todo que está em tudo.
É fácil: vivendo na simplicidade, na humildade, na compaixão, é inevitável perceber que somos um só. Um com o Universo, com nosso vizinho, com Deus Pai/Mãe, com a Natureza e com seus elementos. Não há mais separação, não existem mais divisão, castas, status social, raças. Acabou.
E abrem-se as portas do Reino dos Céus aqui na Terra. O sofrimento, a tristeza, a agressão, o conflito, a injustiça, a fome, a solidão, o medo e a angústia cessam para sempre. E a tal de morte, aquele pulo interdimensional, finalmente compreendida, desmistificada, até que enfim, vira companheira de jornada, presença natural, amiga íntima de longa data, desde aquele dia em que vimos a luz pela primeira vez.
Perceba a essência destas palavras canalizadas por Ele:

"Digo, sem temor de contradição, que se você vive dentro da proteção do "Pai - a Consciência Divina" porque irradia boa vontade e amor para todo mundo em sua vida e em seu país, inclusive para os chamados inimigos, nunca será atacado, nunca conhecerá a tristeza, nunca estará sujeito a nenhuma indisposição ou desgraça que a consciência humana cria. Você estará envolvido num manto de Luz e Amor e a Consciência Divina fluirá dentro de sua mente, seu corpo e sua vida. Pode ser que as pessoas ao seu redor fiquem doentes, caiam derrubadas por um ataque, ou se "afoguem" angustiadas pelo pânico, mas você caminhará pela mesma estrada, consciente de que ninguém tem o menor poder humano contra O PODER - A FONTE de seu SER, a qual deu seu próprio ser e vida na Terra.
(...) Também estarão contentes por aceitar que a Consciência Divina chamada por qualquer outro nome - Deus, Jeová, o Absoluto, o Infinito, Alá - sempre permanece sendo a Consciência Divina universal que tudo penetra, apesar de todos os diferentes nomes usados por várias nações. Eles terão alcançado aquele nível de despertar espiritual no qual podem perceber que por trás de toda etnia, língua, crença e ações de qualquer espécie, todos os povos - toda a criação em si - é una nas raízes de seu ser. O homem e a formiga compartilham as mesmas origens no equilíbrio da CONSCIÊNCIA UNIVERSAL. ESTA É A VERDADEIRA LIBERDADE. A única liberdade".
Namastê (O Deus que É em mim saúda o Deus que É em Você).

quarta-feira, 28 de março de 2012

Descomplicar e...

Se eu tivesse que escolher uma palavra
- apenas uma -
para ser item obrigatório no vocabulário da mulher de hoje,
essa palavra seria um verbo de quatro sílabas:
descomplicar.
Depois de infinitas (e imensas) conquistas,
acho que está passando da hora de aprendermos
a viver com mais leveza:
exigir menos dos outros e de nós próprias,
cobrar menos, reclamar menos, carregar menos culpa,
olhar menos para o espelho.

Descomplicar talvez seja o atalho mais seguro para chegarmos à tão
falada qualidade de vida que queremos – e merecemos – ter.

Mas há outras palavras que não podem faltar no kit existencial
da mulher moderna.
Amizade, por exemplo.
Acostumadas a concentrar nossos
sentimentos (e nossa energia...) nas relações amorosas,
acabamos deixando as amigas em segundo plano.

E nada, mas nada mesmo, faz tão bem para uma mulher
quanto a convivência com as amigas.
Ir ao cinema com elas
(que gostam dos mesmos filmes que a gente),
sair sem ter hora para voltar,
compartilhar uma caipivodca de morango
e repetir as histórias que já nos contamos mil vezes
- isso, sim, faz bem para a pele.

Para a alma, então, nem se fala.

Ao menos uma vez por mês, deixe o marido ou o namorado em casa,
prometa-se que não vai ligar para ele nem uma vez
(desligue o celular, se for preciso)
e desfrute os prazeres que só uma
boa amizade consegue proporcionar.

E, já que falamos em desligar o celular, incorpore ao seu vocabulário
duas palavras que têm estado ausentes do cotidiano feminino:
pausa e silêncio.

Aprenda a parar, nem que seja por cinco minutos,
três vezes por semana, duas vezes por mês, ou uma vez por dia
- não importa -
e a ficar em silêncio.

Essas pausas silenciosas nos permitem refletir,
contar até 100 antes de uma decisão importante,
entender melhor os próprios sentimentos,
reencontrar a serenidade e o equilíbrio quando é preciso.

Também abra espaço, no vocabulário e no cotidiano, para o verbo rir.
Não há creme anti-idade nem botox que salve a expressão
de uma mulher mal-humorada.
Azedume e amargura são palavras que devem ser banidas
do nosso dia a dia.
Se for preciso, pegue uma comédia na locadora,
preste atenção na conversa de duas crianças,
marque um encontro com aquela amiga engraçada
- faça qualquer coisa, mas ria.
O riso nos salva de nós mesmas,
cura nossas angústias e nos reconcilia com a vida.

Quanto à palavra dieta, cuidado:
mulheres que falam em regime o tempo
todo costumam ser péssimas companhias.

Deixe para discutir carboidratos
e afins no banheiro feminino ou no consultório do endocrinologista.
Nas mesas de restaurantes, nem pensar.

Se for para ficar contando calorias,
descrevendo a própria culpa e olhando para a sobremesa
do companheiro de mesa com reprovação e inveja,
melhor ficar em casa e desfrutar sua salada de alface
e seu chá verde sozinha.

Uma sugestão?
Tente trocar a obsessão pela dieta por outra palavra que,
essa sim, deveria guiar nossos atos 24 horas por dia:
gentileza.

Ter classe não é usar roupas de grife:
é ser delicada. Ter respeito pelos outros.
Não ofender as pessoas com atitudes indelicadas.
Ter tolerância e não ser mal educada.
Saber se comportar
é infinitamente mais importante do que saber se vestir.

Resgate aquele velho exercício que anda esquecido:
aprenda a se colocar no lugar do outro,
e trate-o como você gostaria de ser tratada,
seja no trânsito, na fila do banco,
na empresa onde trabalha, em casa, no supermercado,
na academia.
E, para encerrar, não deixe de conjugar dois verbos que deveriam ser
indissociáveis da vida:
sonhar e recomeçar.

Sonhe com aquela viagem ao exterior, aquele fim de semana na praia,
o curso que você ainda vai fazer, a promoção que vai conquistar um dia,
aquele homem que um dia (quem sabe?)
ainda vai ser seu, sonhe que está beijando o Richard Gere...
sonhar é quase fazer acontecer.
Sonhe até que aconteça. E recomece, sempre que for preciso:
seja na carreira, na vida amorosa, nos relacionamentos familiares.
A vida nos dá um espaço de manobra:
use-o para reinventar a si mesma.

E, por último
(agora, sim, encerrando),
risque do seu Aurélio a palavra perfeição.

O dicionário das mulheres interessantes inclui fragilidades,
inseguranças, limites.

Pare de brigar com você mesma para ser a mãe perfeita,
a dona de casa impecável, a profissional que sabe tudo,
a esposa nota mil.
Acima de tudo, elimine de sua vida o desgaste que é tentar ter coxas
sem celulite, rosto sem rugas, cabelos que não arrepiam,
bumbum que encara qualquer biquíni.
Mulheres reais são mulheres imperfeitas.
E mulheres que se aceitam como imperfeitas são mulheres livres.
Viver não é (e nunca foi) fácil, mas, quando se elimina o excesso de
peso da bagagem (e a busca da perfeição pesa toneladas),
a tão sonhada felicidade fica muito mais possível.

Leila Ferreira

quarta-feira, 7 de março de 2012

O namoro de Chico Buarque

O namoro do Chico Buarque com a cantora ruiva Thais Gulin rendeu para nós este primor de blues ESSA PEQUENA, cuja letra vai aí abaixo. Mas rendeu também a interessante crônica UM TEMPO SEM NOME da escritora Rosiska Darcy de Oliveira sobre “o novo conceito de envelhecer”. Também segue abaixo.


http://youtu.be/ZRLayH21Gnk

Essa Pequena
Chico Buarque

Meu tempo é curto, o tempo dela sobra
Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
Temo que não dure muito a nossa novela, mas
Eu sou tão feliz com ela
Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida
Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas
Não canso de contemplá-la
Feito avarento, conto os meus minutos
Cada segundo que se esvai
Cuidando dela, que anda noutro mundo
Ela que esbanja suas horas ao vento, ai
Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
O blues já valeu a pena

Um tempo sem nome
Rosiska Darcy de Oliveira, O Globo, 21/01/12

Com seu cabelo cinza, rugas novas e os mesmos olhos verdes, cantando madrigais para a moça do cabelo cor de abóbora, Chico Buarque de Holanda vai bater de frente com as patrulhas do senso comum. Elas torcem o nariz para mais essa audácia do trovador. O casal cinza e cor de abóbora segue seu caminho e tomara que ele continue cantando “eu sou tão feliz com ela” sem encontrar resposta ao “que será que dá dentro da gente que não devia”.

Afinal, é o olhar estrangeiro que nos faz estrangeiros a nós mesmos e cria os interditos que balizam o que supostamente é ou deixa de ser adequado a uma faixa etária. O olhar alheio é mais cruel que a decadência das formas. É ele que mina a autoimagem, que nos constitui como velhos, desconhece e, de certa forma, proíbe a verdade de um corpo sujeito à impiedade dos anos sem que envelheça o alumbramento diante da vida .

Proust, que de gente entendia como ninguém, descreve o envelhecer como o mais abstrato dos sentimentos humanos. O príncipe Fabrizio Salinas, o Leopardo criado por Tommasi di Lampedusa, não ouvia o barulho dos grãos de areia que escorrem na ampulheta. Não fora o entorno e seus espelhos, netos que nascem, amigos que morrem, não fosse o tempo “um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho“, segundo Caetano, quem, por si mesmo, se perceberia envelhecer? Morreríamos nos acreditando jovens como sempre fomos.

A vida sobrepõe uma série de experiências que não se anulam, ao contrário, se mesclam e compõem uma identidade. O idoso não anula dentro de si a criança e o adolescente, todos reais e atuais, fantasmas saudosos de um corpo que os acolhia, hoje inquilinos de uma pele em que não se reconhecem. E, se é verdade que o envelhecer é um fato e uma foto, é também verdade que quem não se reconhece na foto, se reconhece na memória e no frescor das emoções que persistem. É assim que, vulcânica, a adolescência pode brotar em um homem ou uma mulher de meia-idade, fazendo projetos que mal cabem em uma vida inteira.

Essa doce liberdade de se reinventar a cada dia poderia prescindir do esforço patético de camuflar com cirurgias e botoxes — obras na casa demolida — a inexorável escultura do tempo. O medo pânico de envelhecer, que fez da cirurgia estética um próspero campo da medicina e de uma vendedora de cosméticos a mulher mais rica do mundo, se explica justamente pela depreciação cultural e social que o avançar na idade provoca.

Ninguém quer parecer idoso, já que ser idoso está associado a uma sequência de perdas que começam com a da beleza e a da saúde. Verdadeira até então, essa depreciação vai sendo desmentida por uma saudável evolução das mentalidades: a velhice não é mais o que era antes. Nem é mais quando era antes. Os dois ritos de passagem que a anunciavam, o fim do trabalho e da libido, estão, ambos, perdendo autoridade. Quem se aposenta continua a viver em um mundo irreconhecível que propõe novos interesses e atividades. A curiosidade se aguça na medida em que se é desafiado por bem mais que o tradicional choque de gerações com seus conflitos e desentendimentos. Uma verdadeira mudança de era nos leva de roldão, oferecendo-nos ao mesmo tempo o privilégio e o susto de dela participar.

A libido, seja por uma maior liberalização dos costumes, seja por progressos da medicina, reclama seus direitos na terceira idade com uma naturalidade que em outros tempos já foi chamada de despudor. Esmaece a fronteira entre as fases da vida. É o conceito de velhice que envelhece. Envelhecer como sinônimo de decadência deixou de ser uma profecia que se autorrealiza. Sem, no entanto, impedir a lucidez sobre o desfecho.

”Meu tempo é curto e o tempo dela sobra”, lamenta-se o trovador, que não ignora a traição que nosso corpo nos reserva. Nosso melhor amigo, que conhecemos melhor que nossa própria alma, companheiro dos maiores prazeres, um dia nos trairá, adverte o imperador Adriano em suas memórias escritas por Marguerite Yourcenar.

Todos os corpos são traidores. Essa traição, incontornável, que não é segredo para ninguém, não justifica transformar nossos dias em sala de espera, espectadores conformados e passivos da degradação das células e dos projetos de futuro, aguardando o dia da traição.

Chico, à beira dos setenta anos, criando com brilho, ora literatura , ora música, cantando um novo amor, é a quintessência desse fenômeno, um tempo da vida que não se parece em nada com o que um dia se chamou de velhice. Esse tempo ainda não encontrou seu nome. Por enquanto podemos chamá-lo apenas de vida.
ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA é escritora.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

me chamem de velha !

Na semana passada, sugeri a uma pessoa próxima que trocasse a palavra “idosas” por “velhas” em um texto. E fui informada de que era impossível, porque as pessoas sobre as quais ela escrevia se recusavam a ser chamadas de “velhas”: só aceitavam ser “idosas”. Pensei: “roubaram a velhice”. As palavras escolhidas – e mais ainda as que escapam – dizem muito, como Freud já nos alertou há mais de um século. Se testemunhamos uma epidemia de cirurgias plásticas na tentativa da juventude para sempre (até a morte), é óbvio esperar que a língua seja atingida pela mesma ânsia. Acho que “idoso” é uma palavra “fotoshopada” – ou talvez um lifting completo na palavra “velho”. E saio aqui em defesa do “velho” – a palavra e o ser/estar de um tempo que, se tivermos sorte, chegará para todos.

Desde que a juventude virou não mais uma fase da vida, mas uma vida inteira, temos convivido com essas tentativas de tungar a velhice também no idioma. Vale tudo. Asilo virou casa de repouso, como se isso mudasse o significado do que é estar apartado do mundo. Velhice virou terceira idade e, a pior de todas, “melhor idade”. Tenho anunciado a amigos e familiares que, se alguém me disser, em um futuro não tão distante, que estou na “melhor idade”, vou romper meu pacto pessoal de não violência. O mesmo vale para o primeiro que ousar falar comigo no diminutivo, como se eu tivesse voltado a ser criança. Insuportável.

A velhice é o que é. É o que é para cada um, mas é o que é para todos, também. Ser velho é estar perto da morte. E essa é uma experiência dura, duríssima até, mas também profunda. Negá-la é não só inútil como uma escolha que nos rouba alguma coisa de vital. Semanas atrás, em um programa de TV, o entrevistador me perguntou sobre a morte. E eu disse que queria viver a minha morte. Ele talvez não tenha entendido, porque afirmou: “Você não quer morrer”. E eu insisti na resposta: “Eu quero viver a minha morte”.

Na adolescência, eu acalentava a sincera esperança de que algum vampiro achasse o meu pescoço interessante o suficiente para me garantir a imortalidade. Mas acabei aceitando que vampiros não existem, embora circulem muitos chupadores de sangue por aí. Isso só para dizer que é claro que, se pudesse escolher, eu não morreria. Mas essa é uma obviedade que não nos leva a lugar algum. Que ninguém quer morrer, todo mundo sabe. Mas negar o inevitável serve apenas para engordar o nosso medo sem que aprendamos nada que valha a pena.

A morte tem sido roubada de nós. E tenho tomado providências para que a minha não seja apartada de mim. A vida é incontrolável e posso morrer de repente. Mas há uma chance razoável de que eu morra numa cama e, nesse caso, tudo o que eu espero da medicina é que amenize a minha dor. Cada um sabe do tamanho de sua tragédia, então esse é apenas o meu querer, sem a pretensão de que a minha escolha seja melhor que a dos outros. Mas eu gostaria de estar consciente, sem dor e sem tubos, porque o morrer será minha última experiência vivida. Acharia frustrante perder esse derradeiro conhecimento sobre a existência humana. Minha última chance de ser curiosa.

Há uma bela expressão que precisamos resgatar, cujo autor não consegui localizar: “A morte não é o contrário da vida. A morte é o contrário do nascimento. A vida não tem contrários”. A vida, portanto, inclui a morte. Por que falo da morte aqui nesse texto? Porque a mesma lógica que nos roubou a morte sequestrou a velhice. A velhice nos lembra da proximidade do fim, portanto acharam por bem eliminá-la. Numa sociedade em que a juventude é não uma fase da vida, mas um valor, envelhecer é perder valor. Os eufemismos são a expressão dessa desvalorização na linguagem.

Não, eu não sou velho. Sou idoso. Não, eu não moro num asilo. Mas numa casa de repouso. Não, eu não estou na velhice. Faço parte da melhor idade. Tenho muito medo dos eufemismos, porque eles soam bem intencionados. São os bonitinhos mas ordinários da língua. O que fazem é arrancar o conteúdo das letras que expressam a nossa vida. Justo quando as pessoas têm mais experiências e mais o que dizer, a sociedade tenta confiná-las e esvaziá-las também no idioma.

Chamar de idoso aquele que viveu mais é arrancar seus dentes na linguagem. Velho é uma palavra com caninos afiados – idoso é uma palavra banguela. Velho é letra forte. Idoso é fisicamente débil, palavra que diz de um corpo, não de um espírito. Idoso fala de uma condição efêmera, velho reivindica memória acumulada. Idoso pode ser apenas “ido”, aquele que já foi. Velho é – e está. Alguém vê um Boris Schnaiderman, uma Fernanda Montenegro e até um Fernando Henrique Cardoso como idosos? Ou um Clint Eastwood? Não. Eles são velhos.

Idoso e palavras afins representam a domesticação da velhice pela língua, a domesticação que já se dá no lugar destinado a eles numa sociedade em que, como disse alguém, “nasce-se adolescente e morre-se adolescente”, mesmo que com 90 anos. Idosos são incômodos porque usam fraldas ou precisam de ajuda para andar. Velhos incomodam com suas ideias, mesmo que usem fraldas e precisem de ajuda para andar. Acredita-se que idosos necessitam de recreacionistas. Acredito que velhos desejam as recreacionistas. Idosos morrem de desistência, velhos morrem porque não desistiram de viver.

Basta evocar a literatura para perceber a diferença. Alguém leria um livro chamado “O idoso e o mar”? Não. Como idoso o pescador não lutaria com aquele peixe. Imagine então essa obra-prima de Guimarães Rosa, do conto “Fita Verde no Cabelo”, submetida ao termo “idoso”: “Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam...”.
Velho é uma conquista. Idoso é uma rendição.

Como em 2012 passei a estar mais perto dos 50 do que dos 40, já começo a ouvir sobre mim mesma um outro tipo de bobagem. O tal do “espírito jovem”. Envelhecer não é fácil. Longe disso. Ainda estou me acostumando a ser chamada de senhora sem olhar para os lados para descobrir com quem estão falando. Mas se existe algo bom em envelhecer, como já disse em uma coluna anterior, é o “espírito velho”. Esse é grande.

Vem com toda a trajetória e é cumulativo. Sei muito mais do que sabia antes, o que significa que sei muito menos do que achava que sabia aos 20 e aos 30. Sou consciente de que tudo – fama ou fracasso – é efêmero. Me apavoro bem menos. Não embarco em qualquer papinho mole. Me estatelei de cara no chão um número de vezes suficiente para saber que acabo me levantando. Tento conviver bem com as minhas marcas. Conheço cada vez mais os meus limites e tenho me batido para aceitá-los. Continua doendo bastante, mas consigo lidar melhor com as minhas perdas. Troco com mais frequência o drama pelo humor nos comezinhos do cotidiano. Mantenho as memórias que me importam e jogo os entulhos fora. Torço para que as pessoas que amo envelheçam porque elas ficam menos vaidosas e mais divertidas. E espero que tenha tempo para envelhecer muito mais o meu espírito, porque ainda sofro à toa e tenho umas cracas grudadas à minha alma das quais preciso me livrar porque não me pertencem. Espero chegar aos 80 mais interessante, intensa e engraçada do que sou hoje.

Envelhecer o espírito é engrandecê-lo. Alargá-lo com experiências. Apalpar o tamanho cada vez maior do que não sabemos. Só somos sábios na juventude. Como disse Oscar Wilde, “não sou jovem o suficiente para saber tudo”. Na velhice havemos de ser ignorantes, fascinados pelas dimensões cada vez mais superlativas do que desconhecemos e queremos buscar. É essa a conquista. Espírito jovem? Nem tentem.

Acho que devíamos nos rebelar. E não permitir que nos roubem nem a velhice nem a morte, não deixar que nos reduzam a palavras bobas, à cosmética da linguagem. Nem consentir que calem o que temos a dizer e a viver nessa fase da vida que, se não chegou, ainda chegará. Pode parecer uma besteira, mas eu cometo minha pequena subversão jamais escrevendo a palavra “idoso”, “terceira idade” e afins. Exceto, claro, se for para arrancar seus laços de fita e revelar sua indigência.
Quando chegar a minha hora, por favor, me chamem de velha. Me sentirei honrada com o reconhecimento da minha força. Sei que estou envelhecendo, testemunho essa passagem no meu corpo e, para o futuro, espero contar com um espírito cada vez mais velho para ter a coragem de encerrar minha travessia com a graça de um espanto.

ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem.